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Notas Paralelas

Um espaço para escrever sobre coisas e acontecimentos que me despertam

Notas Paralelas

Um espaço para escrever sobre coisas e acontecimentos que me despertam

25.Jan.18

Esquecido depois da entrevista

Há cerca de um ano, participei num recrutamento para uma agência do Estado, coisa pública e séria, com muitos procedimentos e regulamentos, ou pelo menos pensava eu.

 A primeira fase foi uma prova escrita de seleção, perguntas de escolha múltipla e uma pergunta de desenvolvimento em inglês. Foi fácil, dominava a matéria, devo ter acertado a escolha múltipla toda e a pergunta em inglês foi canja, escrever em inglês é a minha praia. Digo que devo ter acertado as perguntas de escolha múltipla todas porque nunca soube a nota que tirei, seja como for passei a prova como previa. Passados mais de quatro meses da prova, sim quatro meses, fui chamado a uma avaliação psicológica que foi conduzida por uma empresa especializada. Esta avaliação também foi fácil para mim, fiz os testes psicotécnicos e de personalidade e, como não sou nenhum psicopata e estúpido, lá passei, ainda nesta fase tive uma entrevista que basicamente era para comprovar se tinha prestado declarações verdadeiras no meu cv e se os documentos eram verdadeiros, tipo se não era mais um a falsificar o diploma de licenciatura e, como não sou nem estúpido, nem psicopata nem vigarista, passei a fase da avaliação psicológica sem dificuldade. De salientar que a única pessoa com quem travei contacto durante todo o processo foi nesta fase e, ela estava cheio de medo que os testes fossem em inglês porque não sabia falar inglês, surpresa minha pois na prova escrita o inglês foi avaliado e quem não passasse era eliminado, mas ali estava ele. Foi o primeiro momento que me levou a levantar o sobreolho sobre este processo mas, ele foi eliminado e não quis mais saber.

Chegou a fase da entrevista, a última, pelo menos achava eu, preparei-me durante um fim de semana e lá fui eu, super preparado para fazer um brilharete. Chego lá à hora marcada e, tenho que esperar, estão atrasados! Sou depositado numa cadeira num local onde passam vários funcionários e lá fico 30 minutos a dizer bom dia aos funcionarios que iam passando espaçadamente para irem à cozinha comer ou beber café, como era hora de almoço até consegui sentir o cheiro da comida que iam comer. Lá passou a meia hora e fui levado para a entrevista, um jurí de tres pessoas, duas mulheres e um homem, claro que o homem era o presidente, depois de 15 minutos de perguntas e respostas, safo-me às mil maravilhas e aquilo corre muito melhor do que a minha melhor imaginação. Saio sem antes perguntar qual era o próximo passo, ao que me é respondido que durante o próximo mês me diriam alguma coisa. Passaram três, quatro meses e nada de notícias dessas instituição pública. O tipo dos recursos humanos, das duas vezes que falei com ele só me sabe dizer que o processo está a decorrer, um eufemismo para não faço ideia do que está para aí a perguntar.

Mas as particulariedades não ficam por aqui, não há um unico documento relacionado com este processo, não há um regulamento, uma lista de candidatos admitidos, uma pauta de avaliação das fases que já decorreram, nada, fui passando de fase em fase e recebendo um email a convocar-me para a próxima fase, com local e hora, nada mais. 

É obvio que estou a ser feito de idiota e que provavelmente a resposta nunca chegará, resta-me a consolação de nunca me ter deixado ficar dependente deste processo, embora quando o iniciei, quase por brincadeira, tinha a convicção de que seria um sonho trabalhar nesta organização, agora já sei que tal não deve ser bem assim. No entanto, neste percurso, cruzei-me com outra organização, também pública mas, muito mais importante e à qual nunca tinha prestado a devida atenção e que me tratou da forma completamente oposta e, na qual falarei num próximo post.

Lições a tirar, não invistam em organizações que não são claras convosco, que sofrem de falta de transparência e, não se deixem ficar dependentes de um único processo, por mais prestigiada que pareça a instituição, a falta de ética e a incompetência andam por todo o lado. 

22.Jan.18

Amigo que não vês há anos envia-te convite no facebook

Uma das situações mais dificeis de tirar qualquer conclusão que me acontece no facebook é quando uma pessoa que eu já não vejo há muitos anos me envia um convite, tipo um amigo da escola primária. Fico sem saber o que fazer, se por um lado é verdade que conheço aquela pessoa e de que a dada altura das nossas vidas fomos amigos, a verdade é que agora não tenho grande interesse nessa pessoa. Por vezes sempre que encontro alguém do antigamente fico desiludido, as pessoas não atingiram o potencial que eu via nelas, é triste, a maior parte tornou-se enfadonha, tornou-se naqueles adultos que nós viamos quando eramos miúdos. Que horror! Nada me mete mais confusão do que um adulto precoce, do que um velho jovem, aquele individuo que aos 20 já parece ter 30 e que aos 30 já está à espera de ser jubilado.

Quando um destes individuos me envia um convite no facebook fico sem saber o que fazer, não me identifico com aquela pessoa mas, a verdade é que já fomos amigos. Geralmente aceito os convites para me arrepender quase de imediato. A sorte é que posso ser amigo de uma pessoa sem ter que ver os posts dela.

E vocês, o que costumam fazer?

19.Jan.18

A teoria da relatividade e a escolha da cor das roupas

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 A teoria da relatividade de Einstein pode ajudar-nos a escolher a cor das roupas de forma a parecermos mais ou menos atraentes, conforme o desejo e a situação. Na equaçao E=m.c², onde E é energia, m é massa e c é a velocidade da luz, ficamos a saber que a energia de um objecto é igual à massa desse objecto multiplica pela velocidade da luz ao quadrado.

A velocidade da luz pode ser vista como a rapidez com que vemos um objecto, ou seja, se pusermos uma bola de futebol num quarto e este tiver escuro, não vemos a bola, porque não há luz, logo a velocidade da lua é 0, embora haja a massa da bola. Se pusermos alguma luz, veremos a bola mas ainda assim não muito nítida, como há piuca luz a velocidade desta é baixa, no entanto já vemos a bola e, aquilo que vemos é energia, ou seja, a massa da bola e a nitidez com que vemos que deriva da quantidade de luz. Se pegarmos nessa bola e formos para um jardim num dia de sol, vemos essa bola nitidamente porque há muita luz, embora a massa seja a mesma que nas situações anteriores a nergia, ou seja aquilo que vemos, é muito mais intensa e isso traduz-se numa maior nitidez com que vemos a bola. Podemos então concluir que energia é aquilo que vemos.

Aplicando esta teoria à escolha da cor da roupa, podemos concluir que uma pessoa bonita é favorecida ao usar roupas escuras, pois estas têm menos luz e isso faz com que realce a massa, ou seja a beleza da pessoa. O contrário também é verdade, uma pessoa não tão bonita pode mitigar essa falta de beleza utilizando roupas mais claras que, como têm mais luz, chamarão mais a atenção, desviando a atenção da cara da pessoa.

18.Jan.18

Recebemos aquilo que toleramos

Hoje houvi esta frase que me fez pensare com a qual concordo totalmente. Nós recebemos nas nossas vidas aquilo que toleramos. Se tolerarmos o abuso, a traição, a desonestidade, a falta de transparência será isso que receberemos ao longo da vida. Se por outro lado não o telerarmos não o receberemos mais do que as vezes necessárias para testar o quanto intoleramos tais comportamentos.

Por isso, o melhor é incentivarmos comportamentos honestos, transparentes, sinceros e construtivos para que eles estejam sempre a vir até nós, trazendo-nos pessoas que vivem de acordo com estes valores.

16.Jan.18

O Instagram já foi espectacular

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Já fui um grande utilizador do instagram, achva-o o máximo. Passava horas à procura de fotografias perfeitas e depois aplicava aqueles filtros e punha-lhes imensos hashtags e lá vinham os likes, eram muitos.

Seguia também outros fotógrafos amadores que aproveitavam a plataforma para se expressarem, para criarem ângulos e perspectivas que desafiavam a nossa imaginação, tinham centenas de likes por foto e eram seguidos por todos, pois eram garantia de que todos os dias lá vinha algo diferente e excitante sobre o lacal ou coisa mais banal. E, assim foi o instagram crescendo, atraindo cada vez mais fotógrafos, cada vez mais pessoas com criatividade e vontade de se expressar.

Depois começaram a aparecer aqueles que publicam as fotos pessoais, aqueles que facebookizaram a plataforma, começaram a aparecer as fotos de grupos, de férias com a namorada, de jantares e, todas aquelas coisas que as pessoas gostam de partilhar porque acham que vai interessar a alguém. Esta fase coincide com o momento em que o instagram começa também a ter cada vez mais marcas e publicidade, inundando o nosso feed com anúncio de produtos que não nos interessam. Não vou sequer falar sobre a ligação ao facebook porque acredito que mesmo pertencendo ao facebook o instagram poderia ter continuado a ser interessante.

Após se massificar o instagram perdeu aquela vibe de app de nicho e começou a ser a plataforma usada pelo facebook para copiar descaradamente as apps que não consegue comprar, como o caso do snapchap. Após uma tentativa falhada de comprar o snapchat o instagram introduziu as suas stories, que horror! Até é interssante mas, aquilo é o snapchat. Logo a seguir introduziu o envio de fotos por chat que se apagam assim que são vistas, quem é que já fazia isso? Precisamente, o snapchat. Algumas destas inovaçoes foram extendidas ao facebook mobile, ao messenger e até ao whatsapp.

A ideia do facebook para dominar o mundo das redes sociais é simples, utilizar as suas imensas reservas de dinheiro para adquirir todas as apps interessantes que aparecem e se não as conseguir comprar, como sucedeu com o snapchat, copia descaradamente.

Eu gosto do facebook e do snapchat, deixei de usar o instagram porque usava aquilo porque gostava do conceito de tirar fotos aplicar-lhe um filtro e publicar, agora o instagram para além de fotos, tem também stories, chat, envio de fotografias por chat que se apagam, directos, enfim, uma panóplia de coisas que transformaram a app numa verdadeira confusão, é o querer ser tudo para todos.

16.Jan.18

Sempre chegamos ao sítio aonde nos esperam

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O filme sobre José e Pilar é belíssimo, a relação entre eles era belíssima.

O filme retrata o período final da vida de Saramago já depois de ter ganho o prémio Nobel. Neste período José e Pilar viviam em Lanzarote, onde José ainda ia escrevendo, é nesta altura que escreve a viagem do elefante e, em certo momento do filme é possível ver Saramago a conversar com uma pessoa, que presumo ser um assistente sobre o comportamento dos elefantes, como por exemplo se os elefantes dormem de pé ou sentados, detalhes que segundo Saramago faziam toda a diferença. Saramago escrevia duas páginas por dia, era o seu objectivo, depois Pilar, ainda no mesmo dia, traduzia essas páginas para espanhol. Para além das traduções das obras do marido, Pilar dedicava-se à biblioteca José Saramago localizada perto de casa deles em Lanzarote. Esta biblioteca foi inaugurada por esta altura e lá, Saramago recebia visitas de pessoas que iam lá visitá-lo propositadamente, desde grupos de estudantes italianos de literatura, ou outros artistas, ou até representantes do poder político, como foi o caso do ministro da cultura de Espanha. Foi organizada uma grande exposição sobre a vida e obra de José, na qual nenhum membro do governo português se fez representar, facto elucidativo da relação entre José e Portugal, uma pena para Portugal, claro, porque José esse, era imenso.

José passou os últimos anos da sua vida a viajar pelo mundo, a receber todas as honras possíveis e imaginárias, Pilar, sempre o Pilar para cuidar da sua agenda e das suas especificidades pessoais. José não gostava de receber essas honras, Pilar adorava-o. José acedia a participar, em parte para fazer a vontade a Pilar e para a fazer feliz, pois Pilar fazia-o feliz. Tal como uma vez ele disse, que se não fosse ela, ele seria muito mais velho do que era. Ela tem uma alegria contagiante e isso fazia-o estar sempre bem disposto.

Sempre gostei da personalidade de José Saramago, sempre me intrigou a forma como ele impunha a sua presença, ele sabia que era uma autoridade e que tudo o que saísse da boca dele seria interpretado quase como Lei. José começou a escrever já depois dos 55 anos e ainda foi a tempo de ganhar o prémio Nobel, incrível! Facto para o qual contribuiu a sua imaginação única, prodigiosa e lúcida.

O dia a dia em Lanzarote era suave, entre as montanhas e o mar, entre livros e saraus. Pilar contribuiu para que José tivesse um fim de vida tranquilo e honroso, Saramago morreu como um eremita e como um líder público, tudo ao mesmo tempo. Pilar, aproveitou a notoriedade do marido para se envolver em causas políticas, para se promover pessoalmente, tal era perfeitamente aceitável, pois Pilar é uma mulher que pensa pela sua própria cabeça, com personalidade muito forte e com uma incansável e comovente dedicação a José.

Tenho pena de Portugal nunca ter estado à altura de Saramago.

 

16.Jan.18

Marina Abramovic

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Adoro esta senhora!

Marina nasceu na ex-jugoslávia em 1946, estudou belas artes e mais tarde mudou-se para amsterdão onde viveu e trabalhou com o também artista e fotógrafo Ulay. Ulay e Marina tiveram uma relação que durou cerca de 12 anos, entre 1976 e 1988. Em 1987 fizeram uma viagem pela muralha da china, cada um deles começando de uma extremidade, encontraram-se no centro, abraçaram-se nunca mais se voltaram a ver. Em 2010 deu-se o reencontro, na noite de estreia de uma performance que Marina levou a cabo no MoMA durante três meses e que teve 750 000 participantes, Ulay apareceu e o resto é história:

 

Em 1974 Marina realizou uma performance histórica e inexplicavelmente perigosa. Numa galeria em Nápoles, a performance consistia com ela de pé com uma mesa à frente com vários objectos, como uma rosa, uma laminável de barbear, uma pistola carregada, uma tesoura, entre outros, as pessoas podiam usar aqueles objectos nela como entendessem, ela assumia total responsabilidade por tudo o que acontecesse. A performance durou seis horas e começou tranquilamente com pessoas a darem-lhe a rosa ou até um beijo, com o avançar da noite, houve pessoas que lhe cortaram a roupa com a tesoura, houve quem lhe fizesse um corte no pescoço com a lamina de barbear, humilhações de todo o tipo e, houve até, quem a fizesse apontar a arma carregada a si própria com o dedo no gatilho. Marina concluiu desta performance que pessoas normais, dada a oportunidade, não terão problemas em humilhar e abusar de uma pessoa indefesa. É uma conclusão um pouco chocante, mas foi o que de facto aconteceu.

 

Adoro a Marina por ela ser tão corajosa e livre, ela diz que o seu objectivo é elevar a consciência das pessoas através da arte e, consegue-o melhor do que ninguém, sempre que vejo algum trabalho dela fico a pensar no assunto e, chego mesmo a desenvolver uma obsessão que dura uns dias. Outro facto curioso, verificável em videos no youtube e no facebook, são os insultos que ela recebe, pessoas acusam-na de ser o diabo, de não ser humana, todo o tipo de insultos. Os insultos destas pessoas fazem-me ainda ter mais interesse por esta artista, pois só alguém tão bom no que faz consegue desencadear sentimentos tão profundos nas pessoas.

Mais info sobre Marina: https://en.wikipedia.org/wiki/Marina_Abramović